10 de nov. de 2010

24 de agosto

Desta vez o que me põe a pena na mão é a sombra da sombra de uma lágrima. [...] Não gosto de lágrimas, ainda em olhos de mulheres, sejam ou não bonitas; são confissões de fraqueza, e eu nasci com tédio aos fracos.[...] Também, se foi verdadeiramente lágrima, foi tão passageira que, quando dei por ela, já não existia. Tudo é fugaz neste mundo. Se eu não tivesse os olhos adoentados dava-me a compor outro Eclesiastes, à moderna, posto nada deva haver moderno depois daquele livro. Já dizia ele que nada era novo debaixo do Sol, e se o não era então, não o foi nem será nunca mais. Tudo é assim contraditório e vago também. (Em: Memorial de Aires)