31 de out. de 2011
MOVIMENTO
Foi quando começou a não se importar tanto de sentir tanto medo, que ouviu o convite, ainda tímido, quase sussurro, do próprio coração, esse sabedor do que, de verdade, importa:
“Volta, com medo e tudo.”
Foi.
E começou a redescobrir que coragem, na maioria das vezes, é apenas voltar para o próprio coração. É apenas calar a ausência devastadora e infértil dele. É apenas sair do lugar para um ponto um pouquinho mais espaçoso e espalhador de sementes. É apenas seguir. Com medo e tudo.
30 de out. de 2011
Acordei com a sensação de que as coisas irão mudar. O problema é que nem tudo muda pra melhor. Mas hoje, mais do que qualquer outro dia eu irei sorrir. Não deixarei nada me abalar, e caso alguma lágrima escorrer pelo meu rosto, será de felicidade. Hoje quero paz e descanso pro meu coração, ultimamente ele anda cansado de tudo e de todos.
29 de out. de 2011
Outro cheiro
Se olharmos para alguns lugares da nossa jornada com calma, abertura e olhos de escuta, podemos perceber com alguma nitidez que não é raro chamamos de amor um monte de coisas que não são amor. Às vezes agimos como se soubéssemos o que é bom para o outro baseados somente no que sabemos ou intuímos ser bom para nós. Justificamos fazer isso ou aquilo por amor, mas muitos gestos nossos estão a serviço exclusivamente do nosso egoísmo. Da nossa carência. Do nosso medo. Do nosso apego. Dos nossos territórios machucados. Da nossa estreiteza.
Muitas vezes dizemos amar, mas estamos só desrespeitando. Dizemos amar, mas estamos só impondo. Dizemos amar, mas estamos só olhando para nós mesmos. Dizemos amar, mas estamos só fazendo adoecer as belezas disponíveis. Dizemos amar, mas estamos só amarrando sementes e calando primaveras. Dizemos amar, mas estamos só inflando nuvens que escondem cada vez mais o sol. Dizemos amar, mas estamos só dizendo. Amor tem outro cheiro. Outra natureza. Outra frequência. Outro chamado. É para ser luz pra dois, com todas as sombras de cada um.
28 de out. de 2011
Não há como retornar ao que já não existe nem como adiantar o relógio para se chegar rapidamente ao que ainda não é. Experimentar na própria alma a força terna e tecelã da vida, ao mesmo tempo em que nos sentimos tão frágeis, é um desafio que requer paciência, toda gentileza e muita fé. As novas flores já moram nos brotos, mas ainda não desabrocharam. A chuva de renovação está dentro das nuvens, mas elas ainda não verteram. A borboleta já voa na crisálida, mas ela ainda nem se deu conta direito da novidade de ter asas.
E ir até o fim
22 de out. de 2011
21 de out. de 2011
Confesso
Confesso que ando muito cansado, sabe? Mas um cansaço diferente… Um cansaço de não querer mais reclamar, de não querer pedir, de não fazer nada, de deixar as coisas acontecerem. Confesso que às vezes me dão umas crises de choro que parecem não parar, um medo e ao mesmo tempo uma certeza de tudo que quero ser, que quero fazer...
Confesso que você estava em todos esses meus planos, mas eu sinto que as coisas vão escorrendo entre meus dedos, se derramando, não me pertencendo. Estou realmente cansado. Cansado e cansado de ser mar agitado, de ser tempestade… Quero ser mar calmo. Preciso de segurança, de amor, de compreensão, de atenção, de alguém que sente comigo e fale: “Calma, eu estou com você e vou te proteger! Nós vamos ser fortes juntos, juntos, juntos...”
Confesso que preciso de sorrisos, abraços, chocolates, bons filmes, paciência e coisas desse tipo. Confesso, confesso, confesso... Confesso que agora só espero você...
Feito pra acabar
Quem me diz
Da estrada que não cabe onde termina
Da luz que cega quando te ilumina
Da pergunta que emudece o coração
Quantas são
As dores e alegrias de uma vida
Jogadas na explosão de tantas vidas
Vezes tudo que não cabe no querer
Vai saber
Se olhando bem no rosto do impossível
O véu, o vento o alvo invisível
Se desvenda o que nos une ainda assim
A gente é feito pra acabar
Ah Aah
A gente é feito pra dizer
Que sim
A gente é feito pra caber
No mar
E isso nunca vai ter fim
16 de out. de 2011
15 de out. de 2011
9 de out. de 2011
8 de out. de 2011
PERSEVERANÇA
Jogo a minha rede no mar da vida e às vezes, quando a recolho, descubro que ela retorna vazia. Não há como não me entristecer e não há como desistir. Deixo a lágrima correr, vinda das ondas que me renovam, por dentro, em silêncio: dor que não verte, envenena. O coração marejado, arrumo, como posso, os meus sentimentos. Passo a limpo os meus sonhos. Ajeito, da melhor forma que sei, a força que me move. Guardo a minha rede e deixo o dia dormir.
Com toda a tristeza pelas redes que voltam vazias, sou corajosa o bastante para não me acostumar com essa ideia. Se gente não fosse feita pra ser feliz, Deus não teria caprichado tanto nos detalhes. Perseverança não é somente acreditar na própria rede. Perseverança é não deixar de crer na capacidade de renovação das águas.
Hoje, o dia pode não ter sido bom, mas amanhã será outro mar. E eu estarei lá na beira da praia de novo.
6 de out. de 2011
4 de out. de 2011
O que nos resta é o aqui e o agora
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