"Ela tinha aqueles olhos grandes
E castanhos
Que pareciam engolir o mundo,
Eram como um universo além do nosso.
Não sei o que brilhava mais
Aquele olhar
Ou aquele sorriso,
Ela sorria como quem nem se importava com a vida,
Distribuía sorrisos por onde passava,
Encantava todo mundo que pra ela olhava,
Tinha uma voz tão doce
E dançava como quem se encontrava ali naquela pista.
Ela nem percebia como sem querer,
Chamava a atenção de tantos,
E por não saber o que fazer com tanta atenção,
Por não saber quem era,
Carregava um semblante perdido,
Se preocupava tanto em quem deveria ser,
Ou o que deveria mostrar,
Que deixava de ser ela mesma,
Mas ali, naquela pista de dança,
Ela se encontrava consigo mesma,
E a cada passo que ela dava,
A cada balançar da saia,
Ela arrancava inúmeros suspiros,
Ela dançava mesmo sem música,
Fazia do chão de terra seu palco,
E ria como quem tinha toda a certeza do mundo,
Mas seus olhos demonstravam toda a confusão que havia nela, confundindo
Quem olhava pra eles também.
Ah, como seria bom se alguém contasse pra ela,
Que ela não precisava se preocupar em ser alguém,
Que ela com aquela leveza de não saber quem poderia ser, já era tanto,
Que ela era a mais bonita das poesias,
E que ela não imaginava, mas já tinha arrancado o coração de tantos poetas.
Que eu era apenas mais um dos inúmeros que a admirava de longe,
Enfeitiçado pelos seus encantos,
Torcendo pra um dia poder me perder com ela,
E ela, na sua ingenuidade,
Queria se encontrar.
Ah, se ela soubesse o quão era difícil olhar para aqueles olhos gigantes e
Não se perder...
Alguém deveria contar a ela."